segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A impontualidade do amor.


"Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.

Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa?

Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.

O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.

O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.

A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender."

Martha Medeiros.


A-M-O textos de Martha Medeiros. Não resisti e postei! Espero qe gostem. Comenta aqui em baixo, ok? Valeu.

5 comentários:

Izabella disse...

Liiiiiiiiiiiiiiiiiindo, amei ♥

Hemmely disse...

concordo com cada palavra ..
o amor vem na hora errada, ou com alguem qe vc nom pode corresponder ..
é inesperado e se idealizar será aí msm qe tudo cai em ruínas ..
Bzos :)
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VISITE:
http://amyfeelings.blogspot.com/

tavares. disse...

Está aí um texto que me fez refletir... essa situação chega a ser bem triste! Por que, né?
É estranho! Tudo poderia ser tão mais facil.
Mas é aquela história do jardim: não vá atras das borboletas, cuide do jardim para que elas venham até você!

Lindo texto. Martha sempre arrasa! Conheci quando Claudia Leitte colocou um texto dela em seu blog, muito lindo, à proposito!

Estou seguindo, flr!
Abraço, espero voltar mais vezes!

Ana Clara Q. Silva disse...

Acho lindo os seus textos! Realmente é inspirante para uma "escritora" ver palavras assim. Gosto demais :*
Obrigada pelo comentário.

Anônimo disse...

Ba, que texto lindo! Textos pessoais românticos são legais!

http://analisefc.blogspot.com/

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